SEGUNDA, 27 JANEIRO 2020
A NECESSIDADE DE ESTAR SOZINHO
Não, não é isolar-se… Não, não é não socializar… É ter noção que nós, enquanto seres humanos e, consequentemente, seres sociais, também temos a necessidade de estarmos sozinhos. E se houver quem negue, é porque ainda não experimentou.
“Não gosto de solidão!”. Não se trata de uma questão de solidão. Trata-se sim, de nos descobrirmos, de sabermos quem somos e o que andamos aqui a fazer por este mundo. Acho que uma das coisas que se quer na vida é um propósito. Sinto que é algo transversal a todos. E, para tal, é preciso estar-se sozinho, é preciso tirar-se tempo para nos estudarmos, para nos compreendermos, porque, por vezes, somos nós próprios que nos precisamos de entender para que não haja uma frustração interna crescente. É sozinhos que conseguimos traçar objetivos, sonhos, planos e ambições. Nem que sejam simples 15min em que nos sentamos sozinhos com um bocado de papel à frente e uma caneta, à parte do mundo online e offline e, com essa caneta, procuramos escrever tudo o que queremos ser e atingir. Escrever o que, neste momento, nos dá um propósito. Acreditem que pode ser mais difícil do que parece, mas é um hábito que deve ser implementado nas rotinas se não nos queremos perder na montanha-russa que é a vida.
Odeio a sensação de sentir o tempo passar, a vida passar e parecer que não estou a fazer nada de interessante. Odeio. Mas é esse desconforto que me dá forças para definir quem sou e onde quero chegar. É esse desconforto que me dá o hábito de me sentar e traçar planos, de me deitar e pensar enquanto oiço música. É esse desconforto que me dá a oportunidade de me conhecer melhor do que alguém alguma vez conhecerá.
Não desvalorizo a importância de estarmos com outras pessoas, de nos darmos aos outros, mas valorizo cada vez mais estes pequenos momentos sozinha. Porque sinto que aprendo, sinto que tenho a capacidade de decidir o que fazer no meu tempo sozinha, de acordo com o que preciso. Sinto que consigo, sozinha, recarregar as minhas baterias e ganhar motivação para a vida que amo viver. E quão desvalorizado isso é?
Inês Lourenço